O mês de janeiro sinalizou que 2014 será um ano de crescimento e mercado favorável para a mineração. O Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) registrou, no mês passado, 91 requerimentos de concessão de lavra, volume recorde para o período desde 2002.
Desse total, 42 pedidos (46,2%) foram solicitados para exploração em Minas Gerais. Os requerimentos de concessão de lavra são apresentados pelo minerador ao órgão regulador após a realização de pesquisas e sondagens e aprovação de um relatório sobre os trabalhos. Se é feito o requerimento, é sinal de que a jazida tem seu potencial comercial comprovado.
"Primeiro há um movimento de maior procura por minérios agregados, que pode ter inflado esse número. Mas de qualquer forma, a alta nos pedidos de lavra indica estratégia interna das mineradoras, visando um mercado dinâmico em um futuro próximo. É como se estivessem se preparando", analisa o presidente da J.Mendo Consultoria, José Mendo Mizael de Souza.
O bom ambiente de negócios para a mineração culmina, invariavelmente, em investimentos em Minas Gerais, maior produtor de minério de ferro e nióbio do país. O Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) estima aportes de US$ 75 bilhões entre 2012 e 2016 no Brasil , sendo US$ 26 bilhões, ou 34,8% do total, em Minas Gerais. Eles são divididos em mineração de bauxita, alumina, ferro, ouro e também em logística.
O cenário promissor é confirmado pela demanda externa. As exportações de minério de ferro por Minas Gerais, em janeiro, retornaram ao nível de 2008, período de boom da mineração.
No primeiro mês do ano, os embarques de minério de ferro do Estado somaram 12,2 milhões de toneladas e receitas da ordem de US$ 1,1 bilhão. O volume só é superado pelas vendas externas de janeiro de 2008, quando 12,7 milhões de toneladas foram exportadas.
No entanto, as divisas geradas em 2008 foram de US$ 424 milhões. Naquele ano, o movimento de valorização do minério de ferro ganhava força, e o preço se estabilizou em um novo patamar, hoje acima de US$ 120 por tonelada, o dobro dos US$ 60 praticados em 2008. l
Apesar das boas perspectivas da indústria mineral, o novo Código da Mineração, em tramitação no Congresso Nacional, é motivo de insatisfação dos representantes das mineradoras com o governo federal. As novas regras, se aprovadas, concentrarão mais poderes na União e podem decretar o fim das atividades de algumas companhias juniores, que operam no setor identificando e comercializando minas, o que passará a ser uma prerrogativa do governo, por meio de uma agência.
Esse tema promete ser o mais debatido nesta sexta-feira (21), no 1º Fórum Brasileiro da Mineração, no Auditório JK, na Cidade Administrativa. Autoridades como o ministro Edison Lobão, o relator do projeto do novo Código Mineral, Leonardo Quintão, e executivos de mineradoras estarão no evento, que é uma iniciativa do Grupo de Líderes Empresariais (Lide) e uma realização do Grupo Doria com o apoio do Hoje em Dia.
"Lá estarão representantes do governo e do setor. Além da aproximação deles, promoveremos o debate, como o das fronteiras para a interferência do governo em um setor tão importante para a economia brasileira. O relator do projeto poderá apresentar o Código, seus pontos primordiais, e debater aqueles onde não há acordo por enquanto", disse o presidente do Grupo Doria, João Doria Júnior.
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